A Polícia Federal (PF) realiza na manhã desta sexta-feira (29) a Operação “Haraquiri” contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Estão sendo cumpridos dez mandados de busca e apreensão nos municípios de Boa Vista e Alto Alegre, e em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal em Roraima.
A investigação iniciou após a PF receber materiais obtidos pelo Exército em uma ação contra o garimpo no estado. A partir da análise desse material foi possível identificar a atuação de pilotos de aeronaves e helicópteros que seriam responsáveis pelo frete de pessoas e de insumos que viabilizariam a extração ilegal de minério.
De acordo com a PF, a análise de imagens de satélite indica a presença de ao menos 20 pistas de pouso ilegais dentro da reserva Yanomami. Essa expansão, conforme a investigação, contribuiu para a degradação ambiental de quase 6 mil hectares verificada entre os anos de 2018 e 2020 na área indígena.
A PF aponta ainda que o transporte e permanência de garimpeiros na região está relacionado com a possibilidade de infecção e morte de milhares de Yanomami em razão do coronavírus. Atualmente, estima-se que cerca de 20 mil garimpeiros atuam na região.
Além de pilotos, também são alvos das buscas suspeitos de explorarem diretamente o garimpo na região e outros crimes relacionados, como o armazenamento irregular de combustíveis.
O nome “Haraquiri” faz alusão ao ato de suicídio praticado no Japão por guerreiros, que consiste em “rasgar o ventre à faca ou a sabre”. Durante as investigações, e ao perceber que a PF havia encontrado o local de guarda de suas aeronaves, envolvidos optaram por destruir dois aviões na expectativa de não serem relacionados aos crimes.